Quando nascemos, bem antes da mamãe ter aquela conversinha com a gente de como os bebês nascem, alguém em sã consciência devia nos ensinar coisinhas básicas sobre a escola do amor. Querem nos ensinar como graduar na escola do amor ao gerar outro ser, mas esquecem de nos ensinar como blindar nosso coração carente de todos os males que o podem assolar.
Ninguém explica que não podemos ficar com o primeiro cara na night que venha conversar com a gente, por medo de mais ninguém se interessar por você. Besteira, depois de algumas cervejas, ou às vezes, dependendo da concorrência, de algumas doses de tequila, você vira uma princesa linda de vestido rosa e pode ter quem você quiser com tamanha autoconfiança. Na verdade nada é mais sexy, nada enfeitiça mais um homem do que uma mulher que não tem medo de olhar "olho no olho" e que nunca abaixa a cabeça.
Sua mãe não coloca você no colo e não te explica que seu primeiro amor vai ser sempre importante por ser seu primeiro amor, mas que não necessariamente precisa ser seu marido eterno, isso não tira a importância dele e descartá-lo da sua vida quando você percebe o mala que ele é, não faz de você a mulher mais malvada e babaca do mundo. As pessoas são importantes em diferentes fases da nossa vida e o grau de importância não se mede pelo tempo que elas ocupam na nossa eternidade, mas pela intensidade com que elas nos marcam.
Ninguém te explica que ter o namorado perfeito, aquele de fazer inveja com as amigas, não vai te garantir o casamento perfeito e muito menos garantir que você vai amá-lo para todo o sempre. Aliás, o para sempre é um mito, ninguém vive pra sempre, ninguém ama pra sempre, o importante é ele te amar sempre, enquanto estiver com você.
Ele pode ser um príncipe fofo, te encher de carinhos e mimos, o homem de consumo de qualquer mulher, e ainda assim você pode não conseguir se apaixonar por ele, por mais que racionalmente você queira muito. Murphy não nasceu mulher porque seria babaca demais ter preferencia por sacanear membros da mesma classe. Aquele por quem você deveria se apaixonar certamente será o único por quem você não vai se apaixonar. O amor exige esforço, exige um querer desmedido que desconhece qualquer limite racional e emocional.
Pronto. Bem-vinda a aula crucial, aquela antes da prova que tem dicas pontuais, aquela que se você tivesse deixado a fofoca nos corredores de lado e assistido, você provavelmente teria ido bem melhor nas provas da vida. Faltou uma alma sentar com você e explicar que o ponto fraco de qualquer mulher é o coração e que infelizmente esse é o alvo preferido deles.
É muito difícil explicar que na vida, inevitavelmente, o seu coração vai ser partido, e reze para que sejam poucas às vezes, reze para que o amor vivido tenha valido a pena pelo menos um pouquinho para amenizar a dor de quando ele termina, ou quando o seu namorado diz que termina, o que pra eles é a mesma coisa, mas na prática é completamente diferente.
Aliás, num relacionamento quase sempre o tempo de um é diferente do tempo do outro. Um dia você entra com o "pé" e se sente a maior "fdp" do mundo, no outro você entra com a "bunda" e descobre que era melhor não ter bunda e chora aquele triste fim e chora mais um pé na bunda para sua coleção. Alguém tem que sofrer, uns mais, outros menos, mesmo que o término seja consensual, ou que você nem goste tanto dele assim, somos seres passionais e sempre pagamos a conta por isso.
Pensando bem, revolucionária será a mulher que descobrir a receita para curar um coração partido, ou uma fórmula milagrosa para que o coração aprenda a esquecer aquela pessoa bem rápido, ou mesmo, e aí pensando bem alto, sonhando, a mulher que crie uma maneira de evitar que os corações sejam partidos, sem que para isso tenhamos que desacreditar do amor, sem que para isso tenhamos que assumir uma vida sem qualquer pitada de emoção, de paixão, de risco. Impossível.
Qualquer mãe deve ter dificuldade de contar para a sua filha que ter nascido da combinação cromossômica XX foi a senha para que o universo já prepare uma forma de cedo ou tarde, colocar no seu mundinho um individuo que vai dilacerar o seu coraçãozinho. E você, mamãe, inerte e impotente, não poderá fazer ou falar nada que possa consolá-la. Você vai ter que se segurar, ao perceber que aquele meliante se aproxima da sua princesinha, só com péssimas intenções e que você vai assistir de camarote, a queda desesperada da dama. Cheque-mate. A verdade é que, no fundo, a gente sabe que só nós mesmas temos a capacidade de juntar nossos caquinhos e resolver nossos problemas.
Mas fiquem tranquilas meninas, esse músculo involuntário que pulsa no peito aprende rápido, isso não significa que você não vai cometer o erro de se apaixonar perdidamente e tomar aquela cagada na cabeça de novo, mas o seu coração aprende que na vida tudo passa, e que quando um amor vai embora, você pega as caixas de recordação guarda lá no fundo do armário, ou faz uma fogueira bonita para espantar os maus fluidos e pronto, certamente outro amor errante há de bater na sua porta.
Nem todo sentimento é paixão, nem toda paixão é amor, nem todo amor é amor mesmo. Somos capazes de amar de maneiras distintas e sofrer de maneiras diversas por cada amorzinho que não dá certo. Coragem. Esquecer um grande amor não acontece de um dia para o outro, e nem sempre fica mais fácil de esquecê-lo nos braços de outro.
O importante é que a cada vez que seu coração é partido você aprimora o seu modus operandi de se reerguer. Vai doer sempre. Mas você aprende a se preservar um pouco mais. A lidar melhor com a dor. E principalmente, te ensina a viver mais intensamente um romance, a aproveitar as coisas boas enquanto elas existem.
A diferença é que nossas mães não contam essas historias, mas os pais, esses ensinam direitinho e logo que o filho balbucia as primeiras palavras já falam em tom de ameaça com o moleque: Meu garoto vai arrasar com o coraçãozinho das meninas, vai ser um garanhão, galinhão e todas as combinações de “ão” existentes...
O que eles não sabem, e a mãe no fundo tem certeza, é que vai chegar aquela princesa, muito maravilhosa, castigada da vida, phd em coração partido, que vai mostrar pra ele que todo mundo tem seu dia de bobalhão, vai deixar ele amarradão, ele vai lutar contra de todas as formas, vai tentar fazer de tudo para afastar essa mulher, até perceber que até para ter medo na vida tem um limite, ele vai se render e aí...bom...a parte de como os bebês nascem sua mãe já explicou....
Por via das dúvidas: “Enfermeira! favor tirar aquele meliante de fralda azul de perto da minha princesinha. Grata”.